Sob as brumas de uma noite de insonia,num silêncio povoado de dúvidas,hesitações,lembranças,dilemas de uma mente hiperactiva apenas o pio da coruja parece real.
Maldita cafeína.Ou não.Nas noites de insonia a mente flui para terrenos que durante o dia somos incapazes de sondar.Assaltam-nos,como saqueadores,pensamentos de um futuro que parece incerto,de um presente que se apresenta como um puzzle,onde as peças são colocadas contra a sua vontade,a várias mãos.
Lembranças de um passado que não volta,de um presente quase irreal,de um futuro que não se vislumbra nada auspicioso,nada que se tenha sequer imaginado.Tudo o que se sonhou jogado fora,tudo incerto.Tanto medo do desconhecido,tanta esperança em algo que não sabemos se será possivel,devido á falta de coragem de...devido á expectativa de ser o outro a...represálias...amor filial...,enfim,um sem numero de entraves que não possibilitarão em anos o recomeçar de, a esperança em, o futuro promissoramente risonho que se almeja em sonhos quase adolescentes em que se teima em acreditar.
O silêncio,apenas perturbado pelo som do pio da coruja,vem trazer a esta mente hiperactiva a realidade nua e crua que o dia não deixa ver,por o dia ser lindo,por o sorriso acontecer,pelo comforto,pelo facto de me entreter com pequenas coisas que não deixam aprofundar nada mais além da rotina diária.Mas quando o silêncio da noite cai, o vazio,os pensamentos com a ajuda da cafeína fazem esta mente diurnamente bloqueada andar á velocidade do som,num turbilhão,onde nada de bom mora.Um sentimento de auto-comiseração apossa-se de mim,acho-me fraca,desamparada,sem futuro.Depois de mais um cigarro á janela apatece-me dar um safanão a mim mesma,dizer:-já passamos por isto!Acorda!Chega!Hás-de conseguir.Pára de ter pena de ti mesma.
Lembro-me de um e-mail."Queres que te empreste uma borracha?Um borrador?Uma marreta?"Esboço um sorriso.Sim kota,quero que me emprestes uma borracha,para apagar estes pensamentos idiotas.Pensamentos de pena,pensamentos tipicos de falta de auto-confiança,pensamentos ainda de um amor totalmente impossivel que adolescentemente teimo por vezes acreditar ser a salvação da minha vida.Como sou tola.Como me iludo.Bendita cafeína que me elucida da realidade da vida,no silêncio da insonia interrompido só pelo pio da coruja.
Invejo-te kota,pela objectividade diurna e pela tua tão famosa couraça,resistente a tudo e todos.Devia ter aprendido a ser como tu,fria,impassivel.Não,mas todos temos os nossos momentos de fraqueza,e suponho que seja de noite,ao som da coruja,ou do barulho das ondas.
Afinal todos temos uma couraça,uns mais outros menos resistente.E a cafeína,só varia na dose,uns em café,outros em chá.
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