Não tenho medo da morte.Foi o que respondi a Suzy,mas que fiquei abalada fiquei.Diz ela:fizeste tudo o que pudeste,deste-lhe a ultima refeição,morreu de barriga cheia.Mas não deixa de ser incomodativo,e já nem falo da convivência,dos cuidados que prestamos.
Estava em sofrimento,estava,mas isso faz da morte uma benção?Poderei fazer comparações de existências quase moribundas,de existências quase vegetativas,de doenças prolongadas dolorosas e não dolorosas?De simples existência?Lembro-me dos olhos da Bininha,que simplesmente existe,que olha para o vazio,que ao perguntar-lhe se está tudo bem invariavelmente me responde que sim,que está.E os seus olhos pequeninos,como os de uma criança,olham atentamente para um ponto,fixamente,como se examinassem algo,mas nada observam,olham o vazio.Em que pensará?Terá consciencia?Que existência?
"Depressa te acostumas".Isso quer dizer que para a próxima podem morrer-me nas mãos que vou achar normal?Que vou criar defesas?Que foi simplesmente mais uma?Será que isso não é ignorar a morte?Fingir que ela não existe?Passar a frente,fazer o trabalho normalmente e encarar como mais uma faceta do trabalho em si?Não sei,o tempo o dirá.Como disse á Suzy,não tenho medo da morte,mas ela existe,nada lhe escapa e não se ignora,respeita-se.
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